quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ode a Varona

O verdadeiro corvo adeja quando a alma provoca e depois larga
O brilho de outra gema, perdida atrás de vidros, Varonil Varona.
De quantos bebês já quis que seu fosse o nome, nunca meus.

O que a embala esbarra solta pra cair,
Tuas pernas sustentam-te tão longas.
Não é preciso mais fazer questão, asas partem
A nunca mais, te arranjam a qualquer canto.

Pousam-me sombras nos ombros, sobrancelhas
Para os olhos, gentis cavalheiros doutra história
Que, atenta, a desse preto a desbravar sem tinta.

E o que fica no peito, à sinistra, é a indiferença exangue
Não do vazio, mas dum frio misto de forças que se anulam.
Céu de chumbo invertendo os pólos em gravidade nata
São traços fendidos nos furos que Varona revoa pelo nada.

Luiz Felipe Alencastro. Dia 23 de maio de 2009.

Um comentário:

Haemocytometer disse...

A parte pelo todo, o traço pela letra, o poema pela presença.
Um beijo.